*Ler primeiro o post anterior "Mundos distantes....". E nos arquivos, ler "Mundos paralelos: indivíduos adjascentes".
- Alô.
- É do Poucas e Boas?
- Com quem você gostaria de falar?
- Você que é a escritora? então é com você mesma...
- Quem é?
- Ah, agora vai fingir que não me reconhece? É a Clara.
- Clara... minha personagem? Impossível.
- Impossível nada. Ó, tá me ouvindo? Tô bem aqui, do outro lado da linha.
- Mas eu nunca dou meu celular pra personagens...
- É o seguinte, eu não agüento mais. Primeiro você começou a história toda cheia de estilo, de palavras bacanas, de tramas confusas... quase matou a Dora, botou a Sofia numa deprê profunda e me deixou a ver navios com os meus namoradinhos. Aí apareceu aquele cara das palavras-cruzadas. Muito bacana, o pessoal até elogiou e eu achei que podia ficar tranqüila, que as coisas estavam dando certo e minha história estava chegando ao final feliz. Só que aí, misteriosamente você parou de escrever. E eu nunca beijei o Paulo, nunca!!! Tá me ouvindo?
- Você beijou sim, ficou subentendido.
- Nem vem que não tem, não há beijo subentendido, ou fode ou desocupa a moita. Aliás, por falar nisso...
- Ai, meu São Benedito...
- E tem mais, eu tenho o direito de ser feliz, poxa vida, acho sou uma personagem com potencial pra felicidade, mas esse último texto, pelamordedeus, tá muito ruim... Que história é essa de mar, de sábado de manhã, de se largar no sofá... Pô, tem que dar uma continuidade, eu achava que eu morava em São Paulo. Qual não foi minha surpresa ao me ver nesse tal apartamento com vista pro mar...onde estou, hein?
- Ai, Clara, menina, sabe que eu mesma me pergunto isso diariamente?
- É, mas a história é sobre quem? Eu ou você?
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