Thursday, March 27, 2003

Duodeno -- esse desconhecido - parte 2

Tenho que começar dizendo que isto foi uma contribuição de inestimável valor sentimental e educacional. Obrigada, Misterioso Colaborador.

O que é o Duodeno?
"...É uma das três regiões em que é dividido o intestino delgado. Considera-se como duodeno a região inicial do intestino delgado, a partir do esfíncter pilórico, que é o espessamento da musculatura lisa e controla a passagem do alimento do estômago para o resto do trato digestivo."
Tá explicada a relação com decisões: é o Duodeno quem decide quem passa para a próxima fase da digestão, do estômago para o intestino!

A digestão é como se fosse um pequeno Reality Show dentro da nossa barriga. Imagina, lá no estômago, as comidas chegando todas mastigadas que nem as estrelas em decadência do Casa dos Artistas! Daí vão passando por provas de dissociação de moléculas, quebra de fibras e proteínas e as que terminam primeiro se apresentam para o Duodeno que é o jurado que tem o voto de Minerva do sistema digestivo. Mas, no final desse Reality Show Digestivo, todos os participantes devem ser eliminados!

Mais Duodeno aqui -- ou quaisquer outras dúvidas e curiosidades -- é um link porreta de uma enciclopédia virtual que eu recebi de um leitor-amigo-trader-contador de piada e mais importante de todos ótima companhia de copo em bar.

Monday, March 24, 2003

Duodeno -- esse desconhecido.

Outro dia, a famosa dançarina-blogger-comentarista de futebol-amiga-esposa e match maker nas horas vagas escreveu sobre a minha dica do duodeno aqui.

Há mais ou menos 1 ano, eu, com o pescoço duro, duro, comento com uma amiga do Aikido (eu sou faixa amarela, não é grandes coisas, mas já alguma coisa) que meu pescoço dói e sempre é assim, qualquer coisa é o pescoço que sente tudo. Ela, psiquiatra-acupunturista-aikidoista e esposa nas horas vagas, indaga:
-- É mais do lado esquerdo ou do direito?
-- Ah, tipo assim, é dos dois lados -- digo eu.
-- Você tem dificuldade pra tomar decisões?
-- Xii, tenho, tenho... levo uma vida pra escolher prato em restaurante, o que vestir de manhã e que perfume vou passar.
-- Ah, só pode ser o Duodeno!

Um ano depois, ou seja agora, Duodeno tinindo! Eita ferro, quanta decisão difícil andei tomando e assim, ó, rápida e decidida! Mas resta saber se foi o duodeno que melhorou sozinho ou se foram as decisões que fizeram ele funcionar melhor (Biscoito Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?).

E dor no pescoço nunca mais!

Ah, em tempo, que porra é o duodeno? o que ele faz? onde se localiza?
(Só não adianta perguntar porquê cargas d'água tem a ver com decisões. Essas coisas de medicina Chinesa não têm explicações compreensíveis aos ocidentais.)
Um minuto. Respira fundo, Juliana, engole o choro. Vale à pena o estomago roncando do almoço que não virá hoje, não há tempo, a dor de dente, a cólica e o nervoso. Vale à pena. Você é jovem e tem stamina, tem mais é que agüentar. Conte até a dez em alemão -- truque antigo... se não funcionar, ainda sabe contar até 100 em alemão... E, se ainda não funcionar, tem que lembrar que tudo vale à pena -- como disse aquele poeta...

Saturday, March 22, 2003

A menina que bebeu o mar.

Tomando um iogurte light, assistindo o mar da janela, pintava.

Confundiu a colher e o iogurte com o pincel e a tinta. Espalhou o iogurte light por todo o papel e, quando se deu conta da burrada, não teve dúvida: bebeu toda tinta.

Era um quadro sobre o mar que silencioso passava por fora de sua janela. Agora, a tinta azul toda sendo digerida, era o mar passando dentro de si também. Queria tanto pintar o mar e entender o tom do seu azul, às vezes verde, que bebeu o mar todo de sua pintura no café da manhã.

Sentiu-se bem o resto do dia, fresca por dentro, com todo o azul agradável misturando-se dentro dela. De repente, deu dois passos à frente e recuou - eram as ondas em formação.

Diante disso tudo resolveu voltar ao quadro, pintou, pintou, pintou, tomando o cuidado de afastar comidas e bebidas da mesa onde pintava.

Fez xixi azul-esverdeado por vários dias mas, também, desvendou a cor perfeita do mar. E os quadros todos ficaram lindos.

Sunday, March 16, 2003

Vento e Água

Sempre gostei dos dias chuvosos. Confesso que era por pena deles, de todo mundo abrir a janela, e ao menor sinal de chuva ou tempo nublado exclamar "Que dia horrível!". Adotei os dias chuvosos e nublados para mim.

Ontem, quando acordei, fazia sol. Pensei "Que dia lindo". E logo em protesto, aposto, em menos de 15 minutos, uma nuvem gigante instalou-se em frente de casa, bem na frente da minha janela e começou a desfazer o dia. Escureceu, esfriou e choveu. Mas o que o dia e o tempo não sabem é que é um espetáculo ver a chuva acontecendo sobre o mar. O céu e o mar parecem estar se misturando, o horizonte perde a linearidade e fica difuso, como uma linha insinuada, que a gente acredita que está ali.

Ao final da tarde, o sol conseguiu brilhar por uma brechinha de nuvem antes de se pôr. Então, misturaram-se o sol, o céu, a água e o vento. E apareceu um arco-íris. E eu pensei comigo mesma que dia mais lindo do que esse eu nunca, nunca tinha visto em minha vida.

*Feng Shui significa em chinês vento e água e é uma ciência que ensina a preencher sua casa com graça e harmonia. Vento e Água cabem em qualquer lugar, podem tomar qualquer forma ou cor. Nosso planeta é todo feito e preenchido deles: vento e água. Quando um dia revela todo esse segredo milenar, essa capacidade de mudança, de cor, de mistura, de vida, a gente tem que admitir que dia chuvoso é lindo também. É perfeito.

Wednesday, March 12, 2003

Me recuso a fazer café. Se não for na minha casa e na minha cafeteirinha italiana, não faço. E todo dia ouço, lá da copa do escritório, alguém reclamando que ninguém faz café... Mas a vida é assim: aponta sozinha de vez em quando a responsabilidade de cada um. Esta moça que reclama todo dia, é a pessoa-do-café. Não é incrível que ela é quem sempre resolve tomar café quando o café acabou? É o destino usando sua mão de ferro e fazendo-a ir lá na copa preparar mais daquele líquido translúcido e fraco como um sopro de um tuberculoso (aqui são os EUA, estou falando do café americano).

Eu, por exemplo, sou a pessoa-do-papel. É verdade. Desde que consegui meu primeiro estágio, as impressoras de todo mundo encanaram comigo e sempre, mas sempre mesmo, que eu preciso imprimir uma coisa qualquer o papel acabou. Ou seja, nos útlimos 6 anos tenho desenvolvido paralelamente a carreira de pessoa-do-papel. Lá pelo terceiro ano desse karma, parei de reclamar, diferentemente da moça-do-café. Aceitei minha responsabilidade e boto mais papel ali nas bandeijinhas com orgulho.

Em casa, porém, eu era a pessoa-do-papel-higiênico. Era sempre comigo que o rolo acabava... no entanto, essa pessoa tem que ser assistida e meu irmão era o assistente-de-papel-higiênico: Fê, traz papel!

E, além dessa árdua tarefa, ele também acumulava o título de pessoa-da-maionese. Sabe quando você prepara um sanduichão e só falta a maionese, daí você abre a geladeira, encontra o pote, abre o pote e o pote está vazio? Só com aqueles restos ressecados presos nos cantos.... Então, esse cara era o meu irmão.

Além dessas, existem outras funções importantíssimas esquecidas, overlooked eu diria, pela sociedade. Como por exemplo: pessoa-do-toner (passei raspando nessa!), pessoa-do-quadro-torto, pessoa-das-janelas-abertas-quando-começa-a-chover (que pode variar para roupas-no-varal-quando-começa-a chover), pessoa-da-garrafa-d'água-na-geladeira, pessoa-que-sempre-faz-cubos-de-gelo etc, etc, etc.

Me recuso a fazer café. Sou a pessoa-do-papel e pronto!

Friday, March 07, 2003

O inglês é uma língua onde as pessoas não mandam beijo. Não pode pôr "kisses" no final do email. Não importa pra quem é o email. Não pode. Tem que pôr Regards. E que merda são "Regards"?
Ou então, se for carta pessoal e pra alguém muito chegado, você coloca lá no final "Love". Só que não siginifica "love" mesmo. Aliás, love aqui não significa nada do que a gente entende como amor. Credo, não agüento chegar em festa e ver todo mundo se estendendo as mãos e afastando os corpos, parece até um monte de bonecos de olinda. E eu, toda latina, pronta pra dar umas ombradas nos americanos e dois beijos no rosto, bem no estilo "saravá-meu-pai". Queria ver essa gente em ônibus lotado. Andando no centro, na Santa Efigênia ou na José Paulino.
Com licença, mas eu não tenho "regards" por ninguém. é impossível brasileiro sentir regards. Da mesma forma que o americano tem uma dificuldade com o "love".
E porquê essa história de regular beijo e abraço? Não pode dar quando se cumprimenta, não pode dar quando se despede e se mandar por email pega mal.

Uma língua em que se beija menos, é uma língua triste, no mínimo, certo?

Wednesday, March 05, 2003

Enema for the Soul

My newest friend and room mate gets set up with this brazilian doctor she has never seen before (the very american way...). His sister though looks gorgeous and believing in that family's good genes she accepts the challenge and is having a blast up to the moment she learns what kind of a doctor he is, then I began to have a blast myself! He is a colon and rectal surgeon. "What are you going to talk about during dinner? His amazing techniques and professional expertise? I wonder if he also carries his professional interests into his personal life..." and so on. We actually laughed big time over all this stupid comments and behaviour none of us believed he could possibly have. She even suggested he would be able to perform an Enema for the Soul on her - to get all the shit out of her, spiritually speaking of course.
The morning after - as a mediunic premonition our worst fears had become reality. This doctor went on and on about his work, while performing a surgery on his pizza at Piola. Even used gestures and medical denominations.

Some words should never be used at the table, let alone on a first date:
Small Bowel
Large Bowel
Esfincter


Just to finalize, he did not had the good looking genes from the family and, although being very involved in his work, could not perform the Enema for Soul.

Well, at least it's one less frog in our restless journey to find the Prince...
Tempo de despertar

Ao contrário do flerte que, segundo Milan Kundera, é uma promessa sem garantia; a Conquista é a demonstração da garantia, é a fase do começo de um relacionamento em que os termos do contrato são definidos e as duas partes envolvidas analisam-se mutuamente.

Tuesday, March 04, 2003

"...não me leve a mal, hoje é Carnaval..."

Ah, o carnaval, aquela época do ano em que as pessoas se juntam em clubes e salões sempre super lotados para pular e se sacudir ao ritmo de uma banda barulhenta com vocalistas gritões.
Daí, lá pras tantas, tem sempre um suadão perdigotando cerveja em cima das mocinhas soltando as maiores atrocidades em termos de cantadas mal dadas. A moça, irritada, dá na cara dele com o leque de papelão que ganhou na entrada do baile e, logo em seguida, se mete no meio do trenzinho e vai pro outro lado do salão.
Tem sempre algum chato, cheirado de lança perfume, soprando naquelas cornetas coloridas de estádio de futebol e deixando os mais próximos ensurdecidos por alguns minutos. Tem sempre muito shortinhos e saias havaianas feitas de ráfias coloridas. Tem sempre muito beijo e muita pouca-vergonha! E um montão de confete e serpentina cobrindo o chão e dentro da roupa da gente!
Tem sempre quatro dias emendados e um pedacinho da quarta-feira de cinzas pra curtir...

Ah, o Carnaval...

(Declaração de inveja de uma brasileira voluntariamente exilada no Tio Sam)

Monday, March 03, 2003

Bonfire of the Vanities -

Aconteceu outra noite, quando fui pedir uma bebida no bar. Ao encostar contra o balcão dei uma batida incomôda com o osso da bacia.

E apesar da dor e da aflição, me enchi de felicidade: fazia tempo que este osso não apontava pra fora da minha silhueta.