Tuesday, February 25, 2003

Errata: Salsa não é assim.

Salsa é 1-2-3-4, 1-2-3-4...

Vai ver que eu estava prestando atenção em outra coisa, né?
A coisa mais sacana que ouvi na festa sexta-feira:

"Yeah, teach her the hussle, teach her the hussle!"
(E um louco apareceu me tomando pelas mãos e me rodopiando como se eu fosse um iô-iô.)

A coisa mais bacana que ouvi na mesma festa sexta-feira:

"Una más, siempre! Una más - Porque no?"
(E um outro maluco me rodopiava ao som de algum rítmo latino que eu já não conseguia àquela altura diferenciar!)

Monday, February 24, 2003

Salsa é assim: 1-2-3-pára, 1-2-3-pára.

Agora guarde isto para todo o sempre, como se disso dependesse sua vida.
Parece que eu estou falando código e, de certa forma, é um código da região.

Lembre-se: um dia vc também pode estar numa boate lotada de gente balançando nesse ritmo claudicante e ali, meu amigo, quem não entra no rítmo é lentamente cuspido pra fora da boate e logo logo pra fora dos círculos sociais de Miami.

E, como já dizia o Pica-Pau "se não pode vencê-los, junte-se a eles!"

Thursday, February 20, 2003

Mentally Challenged -

Brincando de desenhar, esperando uns calzones no Viena na semana passada, eu descobri que tenho um distúrbio neurológico seríssimo. É verdade. Se fosse filme do Woody Allen, ele já teria ido em 7 médicos e feito 15 exames (assistam Hannah e suas Irmãs - eu acho...)

Dá que eu resolvo de inventar uma brincadeira pra amenizar a fome, entrego gizes de cera para os participantes e começamos a desenhar no papel que recobre a mesa. Alguém diz uma palavra, um objeto, e temos que desenhá-lo. O objetivo é ver as diferenças do desenho de cada um e tal - eu sei, é fraquinho, mas vá esperar calzone no Viena à 1 da tarde que você também vai começar a delirar!

Ok, a primeira palavra: cadeira. Muito bem, minha cadeira é um 4 de ponta-cabeça - só isso já é indício de que sou meio fraquinha das idéias...
A segunda palavra: alguém grita rápido "Maçã!" e começamos a desenhar.

Cada um mostra o seu desenho ao que eu, surpresa, digo "Não, não é uma maçã..." e quando os olhares da mesa se voltam para o meu desenho choque, horror e gargalhada misturados nos rostos do pessoal:

Eu tinha desenhado um olho. UM OLHO!

Alguém pode me explicar? Se uma criança de uns 5 anos faz isso a mãe corre com ela pro Pronto Socorro; a professora já começa a sugerir escolinhas especiais para crianças especiais; o pai levanta as mão para os céus e grita "Deus, onde foi que eu errei!"...

Chega.

Maçã pra mim é um olho azul cheio de cílios.

Wednesday, February 19, 2003

Na porta do motel.

Uma amiga minha começou a namorar o Tony. Quer dizer, tudo ia muito bem até o dia em que foram ao motel pela primeira vez. Ela deu uma olhadinha no RG dele:
- Deixa eu ver a foto vai...

Pegou o documento das mãos dele, que hesitante, parecia antecipar a reação da nova namorada...

- DEMERVAL????

O problema é que Tony, na verdade, chamava-se Demerval Antonio, assim como seu pai, esse homem sem coração que quis prolongar o sofrimento que ele próprio deve ter vivido por causa do nome sacana que alguém inventou 100 anos trás.

Acho que, infelizmente, a noite no Motel não foi tão boa como imaginavam, no entanto, para o bem daquela relação e de todos os familiares que já estavam envolvidos nela - (imagina ter que contar pros pais da garota que seu nome verdadeiro é Demerval?) - eles decidiram nunca mais tocar no assunto e esconder bem escondido todos os documentos do rapaz.

Tanto eles seguiram à risca essa resolução que, só depois que terminaram o namoro, ela veio nos contar sobre o Tony, ou Demerval para os íntimos. Aliás, pra curar a dor-de-cotovelo, agora ele é o Demerval. Demê, aquele ex-namorado que enche o saco de vez em quando. E a vingança sonhada contra ele é o dia em que ela o encontrar com outra namorada jantando e puder dizer bem alto:
- Demerval!!! Quanto tempo!!!

Sunday, February 09, 2003


Esta noite beijava alguém em meu sonho - quem era?

Sonhei que beijava alguém. Era um beijo longo, gostoso, macio. Daqueles que quando a gente vê igual na rua, sente inveja, tem vontade de beijar também, urgentemente.

O beijo no meu sonho é um presente do meu subconsciente para minha alma. Quando temos em sonho uma experiência tão simples de puro prazer é um presente nosso pra nós mesmos mais do que simplesmente o natural desejo de beijar.

Ah, se ao menos eu soubesse quem eu estava beijando....
O biscoito chinês

Outro dia discutia como o povo chinês é básico, simplificado. Disse pra um amigo, na casa de quem estava hospedada, "Tem um ditado chinês que diz assim 'É melhor ser hóspede do que anfitrião'. Ele parou e indagou "E aí? e o resto?". Não tem resto. É assim. é uma idéia muito simples e óbvia que algum chinês algum dia achou por bem de propagar. (É claro que é uma metáfora também e que as palavras hóspede e anfitrião contém mil desdobramentos possíveis.)

Ontem, cheguei em casa e encontrei um biscoitinho chinês no armário. Abri e, com a fome que estava, quase comi a mensagem junto. Mas, puxei a tempo a tirinha de papel e, lá estava "Terminada a decadência inicia-se o progresso".

Em algum momento, alguém escreveu no livro da minha vida que eu ia pegar esse biscoitinho restante de um jantar chinês delivery só pra encontrar dentro dele esta frase pra entender melhor e botar sentido nos acontecimentos que me aborrecem mas que parecem etapas necessárias das quais não consigo escapar. Só pra entender que fevereiro, que começou meio esquisito, ainda tem conserto.

E de um pequeno biscoito chinês fez-se uma refeição completa.


"O que é o flerte? Pode se dizer que é um comportamento que deve dar a entender que uma aproximação sexual é possível, sem que essa eventualidade possa ser entendida como uma certeza. Em outras palavras, o flerte é uma promessa de coito, mas uma promessa sem garantia.
(...) O equilíbrio entre a promessa e a ausência de garantia é onde reside precisamente o autêntico virtuosismo do flerte!"

Trecho extraído de A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera.

Friday, February 07, 2003

Nostalgia de mundaça.

Meu tom irônico estava indo tão bem que até eu acreditava mesmo que a minha nostalgia inata tinha ficado no Brasil... que nada.

Ela veio também. Mas chegou mais tarde pois ela arrumou suas malas com mais tempo e cuidado do que eu. Assim, ela não me deixou esquecer nada. Apesar de eu já achar que não estivesse sentindo falta de nada (apenas aquilo que havia voluntariamente deixado pra trás). Fez questão de trazer tudo de novo. Ficou ofendida com meu comportamento e aprontou 7, 8, 15 malas gigantes e 1 baú. Então, a Nostalgia veio de trem - que é seu meio de transporte preferido. E, já durante a vigem, vinha remoendo coisinhas, remexendo suas volumosas malas, pensando no que tirar primeiro pra fora e jogar violentamente na minha cara, assim que chegasse para buscá-la. (Sim, eu mesma fui, relutante, buscá-la na estação.) E, para minha surpresa, vi com alegria doída a primeira coisa que ela deixou intencionalmente cair da mala: gatinhos. Gatinhos lambendo-se e limpando-se charmosos como os que tive que deixar pra trás. E daí, mais surpresa ainda, vi que a Nostalgia tinha ganho o combate de cara naquele momento. Estava pronta para quase tudo de mais triste, de mais horrível, de mais doloroso que ela pudesse ter trazido de volta consigo, mas fiquei indefesa e totalmente vulnerável à lembrança boa dos gatinhos.
Depois de tudo, de toda mudança, de toda virada na vida, pensei que, por esperarmos o difícil, nos preparamos arduamente para a tristeza só que é a lembrança boa que causa mais dor - a saudade. O que nos põe enfermos e perdidos, sem raízes, é perceber que, ao se tentar esquecer uma parte, ou algumas partes ruins da vida, a gente deixa pra trás, sem querer, o que era bom também.
E isso, essa tristeza contraditória, foi bom a Nostalgia ter trazido de volta pra mim.

Tuesday, February 04, 2003

Às vezes acho que não nasci pra gostar de ninguém. Nasci pra destestar as pessoas e passar a maior parte do tempo tentando me afastar e me esquivar delas. E assim, por conseqüência, ninguém nunca ia gostar de mim e eu ia viver quietinha no meu canto até mais de noventa. Quem vive só, vive mais, já repararam? É porque deixa de gastar energia amando e provendo pra outra pessoa. Quem ama sofre. E chora, e fica com gastrite, ou bronquite, ou depressão. E morre mais cedo. E quando sinto que a vida ficou mais curta, cada vez que sofro assim, essa dor lancinante do final do amor, quero me entregar de vez a morte e acabar com tudo isto. Mas daí, olhando bem de perto, quem é que merece de verdade minha vida e minha morte? É, de certo, alguém que não conheço ainda e, por isso, mais algumas mortes fingidas pela frente eu devo ter, senão, de que vale a morte? A vida é fácil e sua razão está contida em si mesma. Valer a morte é que é dificil. Então faço questão de não morrer, por mais que às vezes eu tenha a impressão de que o outro me deu o golpe final com a intenção de ver a morte satisfeita no meu rosto. Não, não morro não. Continuo vivinha-da-silva.

Monday, February 03, 2003

"O pé ficou bom!"

Exclamou minha amiga, num gesto de solidariedade que só uma ótima amiga mesmo poderia realizar, quando terminei de fazer minhas unhas ontem.

Não, o pé não está bom, não. Está uma merda também. Mas como o pé fica bem longe da cara e, pelo menos dois dedos ficam espremidos e escondidos pelas tiras das sandálias, o estrago parece menor.

Mas, manicure por 20 doletas, só quando eu virar popstar.