Imaginemos por um segundo que hoje é cinco anos atrás. Sim. (Respiração profunda de olhos fechados e puft, estamos de volta ao ano de 2005).
é muito mais fácil blogar assim.
Cinco anos atrás esse hoje (hoje mesmo) era impensável, distante, a gente pensava naqueles com mais de trinta, aqueles velhos. E ninguém pensava no que seria daquelas amizades, daquelas vidas, daqueles indivíduos. Ninguém pensa é claro, amizades duram pra sempre, amigo é a coisa mais fiel do mundo, depois é claro de pastor alemão da polícia militar. Ninguém saberia que o divisor de águas entre Clara, Sofia e Dora seria o casamento da última. Foi um golpe terrível, muito mais que uma amizade possa suportar. Talvez o pastor alemão tivesse resistido, são afinal de contas cães muito muito pacientes.
E foi um ano inteiro só praquele fatídico evento, era como se a amizade, na opinião de Sofia, tivesse sentido só na hora de estar ali no altar em pé como madrinha, com o cabelo e a maquiagem feitas e um vestido não necessariamente do seu gosto mas que enfim era o que combinava com a decoração geral. Sofia suspirou aliviada quando o padre proclamou marido e mulher a amiga e Heitor, proeminente homem de negocios, com uma ex-mulher e um filho do primeiro casamento além é claro da conta conjunta no banco e cartões de crédito e todos os fringe benefits que faziam dele a vitima perfeita pra Dora. Um ano que passou lento entre escolha de toalhas de mesa, lista de presentes, lua-de-mel, buffet e todos os pequenos detalhes que fazem dos casamentos o inferno de quem está irremediavelmente ao redor dos que casam.
Clara ao contrário achava tudo simplesmente ridiculo. Teatrinho cheio de detalhes cafonas. O sorvete estava derretido, ainda por cima, e a sobremesa, que na opinião de Gordon Ramsay pode salvar um evento, não foi bem sucedida. Clara chamou um taxi, quando entrou e disse o destino, ponderou que já tinha feito o seu dever honoravelmente. Chega, pensou. Nem o sorvete salvou.
Dora parecia feliz. Entre e Clara e Sofia, existia ao menos esse consenso. Ela está feliz, nós fizemos o nosso dever, mas nem vai rolar... eu não vou conseguir ir jantar fora com eles e viver aquela rotininha de casais amigos que se frequentam. Eu não quero frequentar ninguém.
Como é estranho o modo que as amizades se desenvolvem. Como pessoas entram e saem da história. Como a história mesmo pára em um dado momento e tudo parece flutuar numa inércia indefinida. Mas daí, snap. Allez, allez. Dora se casou e tem até um enteado. As águas se dividiram e a história recomeçou.
Tuesday, February 09, 2010
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