Friday, January 17, 2003

A falta que ela me faz -

Tenho que confessar: estou com saudades da Dra. Klara. É oficial. Estou com saudades da minha psicóloga. É verdade. Era gostoso, vai... ficar lá deitadinha naquele divã de couro freudianamente correto, cheiroso, toda esparramada olhando pro nada e falando sobre o nada também, como um enorme e custoso episódio do Seinfeld de 6 anos de duração.

De frente pra janela, de costas pra doutora.

Falei, falei, falei. Calculo que lá pelo 3o ano ela deve ter parado de anotar qualquer coisa, devia trazer um "Coquetel - caça-palavras e criptogramas" e ficar se esbaldando nas minhas costas.

Queria poder deitar um pouquinho lá de novo, mesmo sabendo exatamente o que ia escutar: ódio do pai, inveja da mãe, complexo de electra... é que lá eu deitava e chorava durante 50 minutos. Tinha 50 minutos para chorar loucamente se quisesse. E era muito confortável saber o que ia se passar. Teoricamente, eu não sabia. E fiquei sem saber nos primeiros anos. Acho que decidi ir embora no dia que percebi que sabia exatamente tudo aquilo, que já tinha decodificado Freud no último nível e que agora não precisava mais dele. (Que impáfia a minha, que falta de modéstia... mas no fundo, de certa forma, deve ser parte do tratamento ou efeito colateral - que no caso não seria tão bom - o paciente ficar achando que já sabe mais que o psicólogo...) E talvez, eu e Klara tenhamos simplesmente nos cansado uma da outra e tenhamos desistido, em conjunto, de dividir aquele divã.

Mas, Dra. Klara, se vc está lendo este blog - o que é altamente improvável - obrigada por tudo.

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