Wednesday, December 17, 2008

anestesia e você, tudo a ver.

Os defeitos e efeitos e da epidural são super interessantes. Eu adoro aula. Adoro alguém lá frente falando pra mim, explicando alguma coisa, assim, apaixonadamente, tipo a anestesia, gente, a existência da anestesia me faz amar mais o mundo em que vivo. Ô coisa civilizada. Tipo assim, eles - os anestesistas xamânicos, os novos pajés, os escolhidos pra lidar e dosar a dor alheia e a droga institucionalizada. Não, eu não estou sendo irônica não. Eu acho que o direito a anestesia deveria ser incluído no manifesto dos direitos humanos. Anestesia pra todos os povos, pra pobres e ricos, pra qualquer raça e religião - quer dizer, devem ter religiões que não permitem, mas se Deus não quisesse que homem usasse a anestesia não ia ter nos dado a capacidade de inventá-la.

Ok. Efeitos colaterais, nada que é isso. A epidural, essa amiga silenciosa da mulher parturiente, é perfeita, ela vai lá nas fibras longas, ou seja músculos, ela parte da 3a vértebra e portanto e nao pega uma tal de massa branca e vai só pra baixo, pra baixo da cintura, ou seja a parte interessada. E não tudo abaixo da cintura, não, eles, os anestesistas conseguem dosá-la de um modo que as pernas não perdem o movimento!

Fiquei maravilhada com o produto. Os anestesistas não são só bons na droga, não, eles são bons pra cacete na venda também, eles todos poderiam trabalhar no shoptour.

Mas, porém, não obstante todo o mundo maravilhoso do parto sem dor, ei-la que surge, a palavra maldita: catéter. Catéter. Não precisa saber o que é. Você já desconfia que é aflitivo. Mas eu sei o que é e isso me deixa mais ainda preocupada e enojada e aflita. Catéter. Na coluna. Passando por cima do ombro. Com um filtrinho pra dar mais ou menos anestesia. Catéter pendurado, ligando a minha coluna vertebral ao mundo através de um canudinho.

Peraí, meu povo, para tudo. Quanto tempo? Ah, tranquilo, uma ou duas horas depois do parto a gente tira. Hãããããã?! Duas horas DEPOIS do parto? Se for normal. No caso da cesariana fica lá umas 12 horas. (Aqui, nesse momento, eu posso dizer que tive um pequeno desmaio de 5 segundos, mas imediatamente meu cérebro aflito mandou um monte de hormônios pra me acordarem porque julgava que não estávamos seguros e que eu precisava estar acordada pra me defender daquela gente "super-civilizada".)
Quando recobrei a consciência a mulher-pajé-líder-pusher estava dizendo quote"e "daí a enfermeira vem remove o esparadrapo e puxa o tubinho do catéter pra fora, rapidinho".

Sei lá, comecei a visualizar outras possibilidades pra mim. Tipo a possibilidade de agüentar a dor do parto, porque eu sei que não agüentaria a aflição do catéter. Iam ter que me hipnotizar pra por o tal negócio nas minhas costas e ia ter que tomar uma anestesia geral pra deixar a enfermeira tirar o tubinho num movimento rapidinho... Eu sei lá. Eu me convenci de vez de tentar o parto tal e qual Deus sempre quis, aquele em que a mulher grita, empurra, agarra o braço do marido, manda ele fazer alguma coisa, manda ele praquele país e bota a culpa toda nele e naquele espermatozóide de merda, a contribuição mais microscópica e ridícula e injusta da história da humanidade. Eu entro com 15 kilos, 9 meses, pés inchados, bexiga solta, teta caída, estrias, mamilos rachados e você entra com o orgasmo e uma nanopartícula.

Peraí, vamos manter a calma. Agora não tem mais volta e a solução não é elocubrar...

Eu assinei o termo de ciência do lance da anestesia. Mas sabe gente, de todas as coisas que eu descrevi acima, das agruras da gravidez, eu acho que o pior mesmo seria o tal do catéter. Sorry indíviduos dourados da anestesia moderna, mas porra,se vocês fossem bons mesmos, vocês já teriam inventado um sistema menos primitivo que o catéter.

1 comment:

Henrique said...

Foi para o copy-paste. Obrigado!