"Parou por quê?" dizia a analista quando eu fazia longas pausas no meio do que estava dizendo. Era como se ela me lembrasse de que cada minuto ali contava - no sentido financeiro também. Eu estava pagando pra ficar em silêncio. E pra fazer digressões que na maioria das vezes não faziam sentido algum. É, fazer análise é assim. Sempre me perguntam como é que é, o que ela fala pra você, ela fica perguntando etc. Pois então, ela pergunta sim, com um certo descaso, "parou por quê?". O que ela queria dizer, mais do que 'seu tempo está acabando' (que não deixa de ser uma verdade metafísica), era que a história superficial perdia o sentido, perdia o interesse, em virtude de alguma outra coisa. Essa outra coisa vinha guardada em silêncio e doce contemplação. Era muito valiosa, mais até que os custosos minutos freudianos. E essa coisa que vinha interromper a análise, era de fato a matéria da análise, era o quê se queria encontrar lá fundo de cada historinha corriqueira. Mas então, parei porque o que apareceu é tão importante pra mim, tão precioso, que danem-se os minutos pagos...
Parou por quê?
Porque tá mais legal a vida real do que escrever blog.
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