Me encontrei no supermercado com uma criança pequena no colo e uma outra um pouco mais velha dentro carrinho. Procurando produtos saudáveis, lendo etiquetas, a cena perfeita de um comercial de margarina. Ou leite, ou cotonetes. E foi aí que eu perguntei pra ela, ou seja, eu mesma, se estava feliz.
Nada faz sentido nesse inferno que é ter filhos, essa pança flácida, coberta de estrias. As tetas caídas. O carrinho do supermercado transbordando de merda saudável, verdurinhas, papinhas, fralda e tudo aquilo que mete raiva na gente. Na gente que é solteira e sem filhos, quero dizer.
É isso que você quer mesmo? Esse não estar nunca mais sozinho no mundo, ter alguém sempre carregando seu sobrenome e seu DNA pra te fazer passar vergonha em lugares públicos quando resolve ter um temper tantrum. Essa existência sobre a qual você não tem nenhum controle, ainda que todos as cagadas que esse ser humano fizer antes de 18 ou 21 can be and will be traced back to you. Esse outro ser humano que você, num momento de gloriosa fantasia, acreditando numa vocação divina dos homens, pensando na Bíblia e toda e qualquer papagaiada, resolveu botar no mundo. Esse filho para o qual você perdeu horas e horas escolhendo o nome, fazendo provas pra ver se rimava com palavrões, pra tentar prever como os filhos dos outros testa di cazzo gozariam da cara dele.
Ela (eu) me pergunta se é isso que eu quero mesmo. Não tem volta, sabia? As feministas se enganam, não tem pílula, nem aborto, nem pro-choice. Mulher quer mesmo é ter filho. Mesmo quando não pensa nisso, se prepara pra isso. É o norte magnético da mulher moderna, clássica, engajada, solteira, casada, feia, bonita. Não importa. Até aparecer naquele comercial de margarina e entender do que se trata, não sossega.
E eu fiquei sem resposta.
Wednesday, February 28, 2007
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