Friday, April 25, 2003
A gente quer ser bem sucedida. Ter uma carreira, ser profissional. A gente quer ter senso de humor, entender de jazz, assistir o circuito de filmes nórdicos, ir à exposição de arte moderna experimental, fazer comentários relevantes. Enfim, ser reconhecida como culta e inteligente. A gente quer saber contar piada suja pra parecer super prafrentex e extrovertida, a gente quer fazer os outros rirem com as nossas histórias e a gente quer rir da história dos outros no momento apropriado. A gente quer sair com os amigos e dançar até cair, jantar em restaurante caro, comer e beber bem e ficar em forma sempre. A gente quer fazer Yoga, acupuntura, meditação e ler também aquele livro sobre Buda. A gente quer ser experiente mas não quer ter rugas na cara - de jeito nenhum!
A gente quer estudar, casar, ter filho, formar família, viajar, escrever um livro, plantar uma árvore, mudar o mundo...
Pra quê, se basta ele chamar a gente de "gatinha" e a gente entregar todo o ouro de uma só vez?
Tuesday, April 22, 2003
Da sessão "porque blog que é blog tem que ter letra música" e para desfazer a maldição techno do sábado, deixo vocês com "It could happen to you" -- que eu escutava ontem enquanto fazia faxina junto com o Chet Baker lá em casa.
Hide your heart from sight,
Lock your dreams at night,
It could happen to you!
Don't count stars or you might stumble,
Someone drops a sigh and down you tumble . . .
Keep an eye on spring,
Run when church bells ring,
It could happen to you!
All I did was wonder how your arms would be,
And it happened to me . . .
Hide your heart from sight,
Lock your dreams at night,
It could happen to you!
Don't count stars or you might stumble,
Someone drops a sigh and down you tumble . . .
Keep an eye on spring,
Run when church bells ring,
It could happen to you!
All I did was wonder how your arms would be,
And it happened to me . . .
Vodca com Suco de Laranja -
A pior coisa que eu disse no meio do porre pascoalino: "So you do the Yoga thing?"
A pior coisa que ouvi e que me fez recobrar alguns porcento da sobriedade: "Can I count you freckles?"
E, depois disso, com a ressaca e a boca seca, lembrei que o pior mesmo foi a música "técnico" que ficou martelando no meu ouvido. Foi por causa da música que eu bebi!
A pior coisa que eu disse no meio do porre pascoalino: "So you do the Yoga thing?"
A pior coisa que ouvi e que me fez recobrar alguns porcento da sobriedade: "Can I count you freckles?"
E, depois disso, com a ressaca e a boca seca, lembrei que o pior mesmo foi a música "técnico" que ficou martelando no meu ouvido. Foi por causa da música que eu bebi!
Saturday, April 19, 2003
Friday, April 11, 2003
Estou tentando diluir o turbilhão que se passa dentro de mim. É assim, como disse Olavo Bilac, o poeta tem que se afastar do turbilhão e, à certa distância,entendê-lo, dissecá-lo. Eu odiava Olavo Bilac porque a professora incutiu na minha cabeça que ele era um poeta menor, chato, e tudo mais. Que os parnasianos em geral não mereciam atenção e que o poeta tem que estar no meio do turbilhão sim, senhor. Sei não. Mas agora que tenho este modesto bloguinho, o turbilhão me deixa confusa e não consigo arrancar da cabeça nada que não a dor por causa da ressaca, a vívida lembrança da aguardiente que não me saí do fígado e a salsa, que me deixou com dor na batata da perna. A professora não sabia de nada. Olavo Bilac também teve ressaca, paixão e dor-de-cotovelo e descobriu o quanto este turbilhão ofusca a visão da gente e nos emburrece... Só que daí, a gente se distancia e fica com saudades. Sente falta da bagunça, da insônia, da dorzinha gostosa que empurra a pena sobre o papel. E sobre isso, a palavra final foi de Pessoa, o poeta é mesmo um fingidor.
Tuesday, April 08, 2003
Caracóis -
Será que meu perfume também ficou n'algum cangote, numa camisa que demorou a ser lavada para que seu dono pudesse se lembrar de mim? Será que minha cara serigrafou a memória de alguém e se imprimiu múltiplas vezes em sonhos, como o Andy Warhol mental que eu levo dentro de mim? E, de todos eles, quantos também perderam a fome e o sono por mim, quantos beijaram o ar, quantos seguraram o telefone e conversaram sozinhos esperando uma ligação? Quantos deles ensaiaram no espelho e tiveram todo o discurso preso na garganta na hora "H"? Quantos voltaram para casa embriagados de paixão e um sorriso incomparável no rosto pelo resto da semana ou do mês ou do dia? Quantos deles abraçaram o cachorro, a empregada, a família num rompante eufórico pensando em mim? E, de vez em quando, quantos deles dão aquela olhadela pro alto e à direita rapidamente e se perdem rastreando alguma memória, alguma história, ao som de alguma música ou ao ver alguma fotografia?
Ah, sou incorrigível e continuo sentindo perfumes, lembrando de histórias, ouvindo certas músicas, esperando certas ligações mas, mesmo que a ligação nunca chegue, que o beijo fique só na memória e que o perfume saia da gola da camisa, ainda assim, sem repostas pra nada, tudo terá valido à pena.
Será que meu perfume também ficou n'algum cangote, numa camisa que demorou a ser lavada para que seu dono pudesse se lembrar de mim? Será que minha cara serigrafou a memória de alguém e se imprimiu múltiplas vezes em sonhos, como o Andy Warhol mental que eu levo dentro de mim? E, de todos eles, quantos também perderam a fome e o sono por mim, quantos beijaram o ar, quantos seguraram o telefone e conversaram sozinhos esperando uma ligação? Quantos deles ensaiaram no espelho e tiveram todo o discurso preso na garganta na hora "H"? Quantos voltaram para casa embriagados de paixão e um sorriso incomparável no rosto pelo resto da semana ou do mês ou do dia? Quantos deles abraçaram o cachorro, a empregada, a família num rompante eufórico pensando em mim? E, de vez em quando, quantos deles dão aquela olhadela pro alto e à direita rapidamente e se perdem rastreando alguma memória, alguma história, ao som de alguma música ou ao ver alguma fotografia?
Ah, sou incorrigível e continuo sentindo perfumes, lembrando de histórias, ouvindo certas músicas, esperando certas ligações mas, mesmo que a ligação nunca chegue, que o beijo fique só na memória e que o perfume saia da gola da camisa, ainda assim, sem repostas pra nada, tudo terá valido à pena.
Monday, April 07, 2003
Café pequeno
A primeira grande decisão que tomei na vida foi de qual curso fazer na faculdade, que carreira seguiria.
(Isso se descontarmos a experiência embaraçosa, hoje cômica, de estar com meu namorado do colegial e dizer pra ele, que estava com segundas, terceiras, quintas... intenções, em alto e bom tom "Não estou preparada pra isso!", ah isso foi uma decisão corajosa e bem firme!)
Bom, queria ser atriz. Claro que, diante disso, papai me deixou tirar um ano todo, depois do terceiro colegial, para repensar minha escolha. Odiei a ECA e que fique claro que não foi por influência de meu pai que eu desisti... E, neste ano de 1994, depois de trabalhar, juntar dinheiro, mochilar pela Europa por 2 meses, voltei com tanta idéia pipocando na cabeça e, com relação a carreira, pensei em Jornalismo. Inscrevi-me na PUC, na USP, na Cásper e, dia desses apareceu no cursinho uma promotora da FAAP, o manual era de graça, porém não tinham jornalismo. Botei lá: Publicidade e Propaganda. Mandei ver nas provas, na maior seriedade. Passei na Cásper, depois, na oitava chamada da PUC e, por fim, passei na FAAP.
Não lembro como foi que isto se deu mas, um dia meu pai perguntou: --"E então, Juju, em qual delas você vai se matricular?" e, de dentro de mim, do mais profundo âmago da minha alma, respondi de repente: --"FAAP - Publicidade!", (o duodeno, nesta época, devia estar bom!).
Odiei a FAAP e também o curso de Publicidade. But that's besides the point. Essas decisões enormes amadurecem e afloram dentro de mim num passe de mágica. Agora, demoro horas pra escolher se quero batata assada ou sauté, se quero frango ou peixe, se quero Cosmopolitan ou Apple Martini? O bom é que moram nessas decisões pequenas os mais charmosos prazeres da vida. Uma vez que tudo já está decidido, porque não gastar quanto tempo quiser pra escolher o perfume certo, o sapato, a camisa vermelha ou a branca...
No fundo isso é que é importante: "Merlot ou Sauvignon, Mademoiselle?"
A primeira grande decisão que tomei na vida foi de qual curso fazer na faculdade, que carreira seguiria.
(Isso se descontarmos a experiência embaraçosa, hoje cômica, de estar com meu namorado do colegial e dizer pra ele, que estava com segundas, terceiras, quintas... intenções, em alto e bom tom "Não estou preparada pra isso!", ah isso foi uma decisão corajosa e bem firme!)
Bom, queria ser atriz. Claro que, diante disso, papai me deixou tirar um ano todo, depois do terceiro colegial, para repensar minha escolha. Odiei a ECA e que fique claro que não foi por influência de meu pai que eu desisti... E, neste ano de 1994, depois de trabalhar, juntar dinheiro, mochilar pela Europa por 2 meses, voltei com tanta idéia pipocando na cabeça e, com relação a carreira, pensei em Jornalismo. Inscrevi-me na PUC, na USP, na Cásper e, dia desses apareceu no cursinho uma promotora da FAAP, o manual era de graça, porém não tinham jornalismo. Botei lá: Publicidade e Propaganda. Mandei ver nas provas, na maior seriedade. Passei na Cásper, depois, na oitava chamada da PUC e, por fim, passei na FAAP.
Não lembro como foi que isto se deu mas, um dia meu pai perguntou: --"E então, Juju, em qual delas você vai se matricular?" e, de dentro de mim, do mais profundo âmago da minha alma, respondi de repente: --"FAAP - Publicidade!", (o duodeno, nesta época, devia estar bom!).
Odiei a FAAP e também o curso de Publicidade. But that's besides the point. Essas decisões enormes amadurecem e afloram dentro de mim num passe de mágica. Agora, demoro horas pra escolher se quero batata assada ou sauté, se quero frango ou peixe, se quero Cosmopolitan ou Apple Martini? O bom é que moram nessas decisões pequenas os mais charmosos prazeres da vida. Uma vez que tudo já está decidido, porque não gastar quanto tempo quiser pra escolher o perfume certo, o sapato, a camisa vermelha ou a branca...
No fundo isso é que é importante: "Merlot ou Sauvignon, Mademoiselle?"
Sunday, April 06, 2003
"Ah, só eu sei..."
De repente um vazio no alto estômago. Se tivesse uma empadinha... Mas não é fome. Não é azia. Não é nada físico. É metafísico. É uma falta daquilo que a gente não sabe o que é nem nunca teve. É saudades de alguém que a gente nem conhece ainda. Solidão. Este contraste me assusta... tanta gente no mundo, tanto espaço, tanto mar, tanto azul e eu.
De repente um vazio no alto estômago. Se tivesse uma empadinha... Mas não é fome. Não é azia. Não é nada físico. É metafísico. É uma falta daquilo que a gente não sabe o que é nem nunca teve. É saudades de alguém que a gente nem conhece ainda. Solidão. Este contraste me assusta... tanta gente no mundo, tanto espaço, tanto mar, tanto azul e eu.
Tuesday, April 01, 2003
O bilhete ideal
Eu botei um bilhete no parabrisa do seu carro. No bilhete tinha o meu telefone, tinha alguma frase espirituosa, como é do meu feitio, e tinha escrito lá que era pra você ligar pra mim antes de viajar. Eu botei este bilhete no parabrisa do seu carro quando o vi na garagem do prédio de surpresa -- não sabia que você estava lá. E foi assim que me ocorreu a idéia brilhante. Tão brilhante que eu não botei bilhete algum, mas a cena estava toda ensaiada, o bilhete escrito, e eu até já sabia o que ia dizer quando você me ligasse. Será? Fiquei com medo, vergonha, crise de bobeira e não botei o bilhete e você não me ligou antes de viajar porque não tinha meu celular e não saímos e não beijamos e a história morreu ali.
Droga de filosofia essa que sempre acerta a gente e acaba por partir nosso coração... Ah, o mundo das idéias, Platão tinha razão, é mesmo fascinante e nos abduz.
Cuidado pro resto da vida: bilhete mental não chega ao destinatário.
Como dizia Vinicius de Morais "Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém".
Eu botei um bilhete no parabrisa do seu carro. No bilhete tinha o meu telefone, tinha alguma frase espirituosa, como é do meu feitio, e tinha escrito lá que era pra você ligar pra mim antes de viajar. Eu botei este bilhete no parabrisa do seu carro quando o vi na garagem do prédio de surpresa -- não sabia que você estava lá. E foi assim que me ocorreu a idéia brilhante. Tão brilhante que eu não botei bilhete algum, mas a cena estava toda ensaiada, o bilhete escrito, e eu até já sabia o que ia dizer quando você me ligasse. Será? Fiquei com medo, vergonha, crise de bobeira e não botei o bilhete e você não me ligou antes de viajar porque não tinha meu celular e não saímos e não beijamos e a história morreu ali.
Droga de filosofia essa que sempre acerta a gente e acaba por partir nosso coração... Ah, o mundo das idéias, Platão tinha razão, é mesmo fascinante e nos abduz.
Cuidado pro resto da vida: bilhete mental não chega ao destinatário.
Como dizia Vinicius de Morais "Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém".
The opposite of sex.
Dormir abraçadinho em forma de conchinha numa noite fria. Acordar com preguiça, e num longo estirar de braços, enlaçar o outro pra dizer bom-dia. Andar de mãos dadas, sentar de mãos dadas, dar as mãos por cima da mesa num restaurante, sem declaração de amor -- e tudo já era uma declaração de amor.
Quando será que *aquele ônibus* vai passar pra mim? E, quando subir nele, saberei reconhecer o grande amor?
Ser romântico é assim: procurar a vida toda por alguma coisa que a gente não sabe como é, com o que se parece ou que cara tem. Procurar o amor é uma busca louca por algo que sequer conhecemos...
Mas acreditar que ele existe, muitas vezes, já basta. Porque, apesar de todo horror, de tanto coração partido, desilusão, príncipe virando sapo, a gente é cabeça-dura, duríssima, e continua acreditando nele, no amor que a gente ainda não encontrou.
Dormir abraçadinho em forma de conchinha numa noite fria. Acordar com preguiça, e num longo estirar de braços, enlaçar o outro pra dizer bom-dia. Andar de mãos dadas, sentar de mãos dadas, dar as mãos por cima da mesa num restaurante, sem declaração de amor -- e tudo já era uma declaração de amor.
Quando será que *aquele ônibus* vai passar pra mim? E, quando subir nele, saberei reconhecer o grande amor?
Ser romântico é assim: procurar a vida toda por alguma coisa que a gente não sabe como é, com o que se parece ou que cara tem. Procurar o amor é uma busca louca por algo que sequer conhecemos...
Mas acreditar que ele existe, muitas vezes, já basta. Porque, apesar de todo horror, de tanto coração partido, desilusão, príncipe virando sapo, a gente é cabeça-dura, duríssima, e continua acreditando nele, no amor que a gente ainda não encontrou.
Cupido-Cobrador
Era um dia normal. Ela acenou e subiu no mesmo ônibus de todos os dias, após ter comprado algumas ameixas, a fruta mais fresca do dia, na quitanda que ficava no caminho entre a loja e o ponto.
Era um dia infernal. O carro quebrou no meio da rua. Sem dinheiro para um táxi, que seria mesmo uma extravagância, ele subiu no primeiro ônibus que apareceu.
Ela, a constância: o mesmo ônibus, o mesmo horário, as frutas para a longa viagem de volta pra casa.
Ele, o acaso, pura obra do destino e seu sopro certeiro: carro quebrado, dia agitado e o primeiro ônibus que passou no ponto foi o que ele pegou.
Poderia ter pego outro. Ela poderia ter perdido aquele se tivesse querido escolher outra fruta, bater papo com o quitandeiro, parar pra fazer xixi antes de embarcar. Ele poderia ter pego o táxi, se não quisesse fazer economia. Eles poderiam certamente nunca ter se encontrado na vida, porque o que é um ônibus perto de toda a cidade de São Paulo e seus milhões de habitantes? Era realmente muito mais fácil não terem se encontrado nunca. Mas ela passou naquele ônibus e ele escolheu subir nele também.
Ele a acompanhou até em casa, desceu no mesmo ponto, com seu consentimento, é claro, e andou com ela até o portão. Perdeu a hora na oficina e a aula na faculdade. Ela, meio envergonhada, despediu-se, entrou em casa e depois, pela fresta da janela, ficou espiando ele ir embora.
No dia seguinte, ele consertou o carro e, com uma cesta de frutas frescas, voltou à casa dela.
Será que ela soube reconhecer nele o futuro marido em algum momento entre o ônibus e os quarteirões a pé?
Será que algum dos dois sabia que anos depois se casariam, teriam filhos, casa, cachorro e tudo mais?
E eu, que faço as vezes de narradora onisciente, sou a cria desse amor à primeira vista que incutiu dentro de mim, desde o momento mais primordial da fecundação, a crença no amor verdadeiro.
Era um dia normal. Ela acenou e subiu no mesmo ônibus de todos os dias, após ter comprado algumas ameixas, a fruta mais fresca do dia, na quitanda que ficava no caminho entre a loja e o ponto.
Era um dia infernal. O carro quebrou no meio da rua. Sem dinheiro para um táxi, que seria mesmo uma extravagância, ele subiu no primeiro ônibus que apareceu.
Ela, a constância: o mesmo ônibus, o mesmo horário, as frutas para a longa viagem de volta pra casa.
Ele, o acaso, pura obra do destino e seu sopro certeiro: carro quebrado, dia agitado e o primeiro ônibus que passou no ponto foi o que ele pegou.
Poderia ter pego outro. Ela poderia ter perdido aquele se tivesse querido escolher outra fruta, bater papo com o quitandeiro, parar pra fazer xixi antes de embarcar. Ele poderia ter pego o táxi, se não quisesse fazer economia. Eles poderiam certamente nunca ter se encontrado na vida, porque o que é um ônibus perto de toda a cidade de São Paulo e seus milhões de habitantes? Era realmente muito mais fácil não terem se encontrado nunca. Mas ela passou naquele ônibus e ele escolheu subir nele também.
Ele a acompanhou até em casa, desceu no mesmo ponto, com seu consentimento, é claro, e andou com ela até o portão. Perdeu a hora na oficina e a aula na faculdade. Ela, meio envergonhada, despediu-se, entrou em casa e depois, pela fresta da janela, ficou espiando ele ir embora.
No dia seguinte, ele consertou o carro e, com uma cesta de frutas frescas, voltou à casa dela.
Será que ela soube reconhecer nele o futuro marido em algum momento entre o ônibus e os quarteirões a pé?
Será que algum dos dois sabia que anos depois se casariam, teriam filhos, casa, cachorro e tudo mais?
E eu, que faço as vezes de narradora onisciente, sou a cria desse amor à primeira vista que incutiu dentro de mim, desde o momento mais primordial da fecundação, a crença no amor verdadeiro.
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